terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Curso de dança, francês e cultura

Eu sempre fui uma menina extracurricular. Quando eu era criança eu ia para a escola de manhã e à tarde fazia mil aulas... inglês, dança, catecismo, piano. Eu tinha uma atividade diferente para cada dia da semana. E quando eu fui crescendo esse hábito não mudou... Eu já fiz yoga, jazz, sapateado, ballet, natação, curso de italiano, academia. Por causa do meu histórico, eu já estava com muita saudade de fazer alguma atividade, principalmente, alguma atividade física. Por isso, nesse inicio de ano eu resolvi entrar em uma academia de dança aqui perto de casa para fazer dança moderna. Eu estou adorando voltar à dançar. As aulas conseguem mudar o meu humor... para melhor. Me sinto mais leve, mais bem humorada. Achar uma atividade física que goste de fazer é algo que eu aconselho para qualquer um.
E o mais legal disso tudo é que posso interagir com franceses de verdade, o que eu não encontro muito em escolas para aprender a língua francesa, tirando os professores. Eu estou fazendo aula duas vezes por semana, mas são aulas completamente diferentes. Na aula de segunda eu sou uma das mais novas, tem muitas mulheres mais velhas, o que eu acho um máximo. E por serem mais velhas são mais fechadas também, quando eu fui assistir a aula elas nem olharam para mim, com exceção de uma que ficava me olhando sempre (8 ou 80). A professora também é mais velha, bem no estilo antigo de dar bronca quando os pés não conseguem fazer o movimento certo... rsrsrs. Já na aula de sexta eu sou disparada a mais velha, faço aula com um bando de adolescentes e me divirto com elas, apesar de não falar muito em ambas as aulas (coisa que eu preciso trabalhar). A professora de sexta também é mais nova do que a de segunda. Os movimentos das aulas também são bem diferentes uns dos outros.
A única coisa que eu não gosto no mundo da dança é a obrigação de fazer o espetáculo de fim de ano (que aqui é em Junho). Isso foi o que me fez sair da dança em 2004. A professora de segunda perguntou quem iria fazer e quando eu disse que não ela disse 'ok' e não insistiu. Adoro! Aí está uma característica francesa que eu adoro: não insistir e não perguntar o porquê. Mas a professora de sexta (a mais nova) deu uma insistida e ainda perguntou porquê indiretamente... Essa deve ter feito curso no Brasil... Eu já tinha preparado um discurso para treinar o meu francês, mas me limitei a dizer que não queria... Eu realmente preciso deixar a vergonha de lado e praticar mais o meu francês... rsrsrs. Mas tenho a impressão que isso vai acontecer... de uma forma ou de outra...

domingo, 29 de janeiro de 2012

Fim... ou começo?

Confesso. Eu tenho problemas com fechamento de ciclos, com finais... Eu decidi que em fevereiro eu vou parar o curso de francês na Aliança, por vários motivos: é uma grana por mês e estava querendo me capitalizar, além disso, depois de 4 meses estudando francês eu já estou um pouco cansada e acaba que as aulas não rendem tanto e não faço os deveres com tanto afinco, outro motivo é que eu quero me dedicar mais ao estudo para a prova que vou fazer para tentar entrar no mestrado (isso pede um post só para ele). Enfim, estou muito certa do que eu quero fazer, mas mesmo assim fico triste de estar saindo... como se nunca mais fosse voltar... como se a Aliança Francesa não fosse à 5 minutos a pé da minha casa.
Eu sempre fico pensando que mesmo eu voltando não será igual, que não terei as mesmas pessoas estudando comigo e que talvez nunca mais veja os meus colegas de classe... Mas mesmo sofrendo um pouco com o fim, eu amo o começo. É diferente, é novo, me dá esperanças. Foi a mesma coisa quando viemos aqui para Lyon. Sofri muito antes de chegar aqui, mas uma vez no lugar novo (apesar das dificuldades) tudo parece melhor, tudo parece mais claro. E espero que depois de amanhã, meu último dia de aula, eu me sinta um pouco menos saudosa. A única coisa boa de um fechamento de ciclo é que, obrigatoriamente, outro começa.

Liquidação de inverno - Soldes!


Liquidação: vender à preço baixo. Aqui na França esse conceito é realmente levada à sério. O dia 11 de janeiro abre o famoso 'Soldes' de inverno... Sim, em pleno inverno. E esse período de remarcações só acaba dia 14 de fevereiro. Algumas lojas já estão na terceira remarcação com até 70% de desconto em alguns itens. Mas quem realmente consegue tirar o maior proveito dessas promoções é quem espera até o último momento e quem não quer comprar nada muito específico. Se você viu algum casaco que gostou no início de janeiro vale à pena esperar pelas remarcações no meio do mês, mas, por outro lado, pode ser que não encontre mais o seu número. Então, por causa disso, os primeiros dias da liquidação é uma loucura. Mesmo em plena quarta-feira (11 de janeiro) as lojas estavam entupidas. Confesso que levei um tempo para entender todo esse alvoroço: a liquidação não vai até fevereiro? Mas depois entendi que as pessoas queriam garantir o seu número 36 de uma bota que já estavam de olho...
O 'soldes' também traz um evento bem peculiar. A loja de roupas Desigual, para lançar o período de liquidação, oferece 2 peças gratuitas para os 100 primeiros a entrar na loja no dia estipulado... Ah... esqueci de contar um detalhe, a pessoa precisa estar somente com roupas de baixo. (Poxa... uma pena que só fiquei sabendo disso depois que tinha acontecido... hahaha). Sério! Algumas horas no frio de zero grau, sem roupa, para levar duas peças da vestimenta? Só pode ser brincadeira... se ainda fosse no verão... rsrsrs. Mas não pense que tinha pouca gente não... tinha mais do que candidatos suficientes para fazer desse evento um sucesso.... como sempre. Ele já existe há 4 anos, toda vez em uma cidade diferente, esse inverno a cidade escolhida foi Lyon.

Loja Desigual. Ganha 2 peças de roupa as primeiras 100 pessoas à entrarem na loja.

Liquidação na Desigual.
O período de liquidação também é um período de revolta (para mim, pelo menos). É revoltante ver o casaco que comprou em novembro pela metade do preço em janeiro... Isso mostra que as lojas podem vender mais barato, mas escolhem chamar os consumidores de otários e nós ainda achamos um máximo... Tudo bem, tudo bem, não vou ser estraga prazeres... Esse período é uma boa oportunidade para comprar o que deseja pelo preço justo. Mas se for algo de inverno use que nem louca pelos próximos 2 meses, pois depois os apetrechos de frio vão para o fundo do armário até o final do ano. 

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

O Visto chegou... mas será que a burocracia vai embora?

Depois de burocracias mil... visto para sair do Brasil... visto de entrada na França, finalmente conseguimos o nosso Título de Estadia. Eu quase não acreditei quando peguei esse pequeno pedaço de plástico na mão... depois de 2 horas na fila para ser atendida... E depois de mais de 3 meses de espera.... estou autorizada a morar na França. Eu também posso trabalhar, graças ao João que veio para cá como cientista, mas daí conseguir emprego em um país que a taxa de desemprego só sobe (4 milhões de pessoas em novembro de 2011) já é mais difícil. As vezes me pergunto aonde foram parar os tempos gloriosos da Europa... e porque eu tinha que vir para cá justamente nos tempos de crise... rsrsrs. Mas voltando ao assunto Visto, para consegui-lo nós tivemos que passar por um exame médico em novembro. Nós demos entrada nos papéis e depois de quase 2 meses fomos chamados para o exame pelo próprio OFII (Office Français de l'Immigration et de l'Intégration). Eu com meus pensamentos positivos, já achava que iria parar em uma clinica bizarra, tipo INSS. Mas não... até que a clinica era bem ajeitadinha e não ficamos horas para sermos atendidos. A não ser por um pequeno incidente (a médica esqueceu o João na sala de exames...rsrsrs), foi tudo muito tranquilo.
Depois disso foi esperar até o ´Titre de Sejour' ficar pronto. Para retirá-lo você deve pagar não só pela fabricação da carteira (19 euros) como também pelo direito de ter o visto... uma bagatela de 340 euros... Sim, é isso mesmo, pobre não pode vir morar fora... porque nem com a bolsa que o João está ganhando conseguiríamos pagar por esse visto. Fora o dinheiro que deixamos no Brasil, pelo visto que nos permitia dar entrada no visto aqui na França... Ufa! Só de contar a história eu já fico cansada de lembrar do dinheiro, da papelada, da espera...
Ah! E esse visto dura 1 ano a partir da data de entrada no país, que no nosso caso foi em setembro. Ou seja, no próximo setembro nosso Título expira e temos que dar entrada nos documentos de novo com pelo menos 2 meses de antecedência... isso quer dizer: Julho... Daqui a exatos 6 meses...

quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

Strasbourg - Estrasburgo

Strasbourg é uma cidade aqui na França, que fica na região da Alsácia, bem na fronteira com a Alemanha. A cidade já foi alemã algumas vezes durante a história, voltou a ser francesa depois da 1 Guerra Mundial e durante a 2 Guerra voltou à ser alemã... Enfim, por causa dessa confusão toda ela tem muita influência germânica. Tem casinhas com as madeiras aparecendo. E as comidas típicas...? Salsichões e chucrute.
A cidade também tem muita tradição em Natal... e foi por isso que resolvemos visitá-la nessa época, logo antes do natal (mas só estou conseguindo postar agora...). Esse ano tiveram 11 feirinhas natalinas espalhadas... (Eu já disse que eu adoro feirinha?) Nas feirinhas você encontra penduricalhos para a árvore de natal, biscoitos amanteigados: que é um dos símbolos da cidade, bebidas: vinho, suco de laranja com mel, suco de maça... tudo quente, para esquentar a corpo do frio enquanto caminha para olhar a cidade. Encontra até chucrute com knack (uma salsicha tradicional da região) e Fondue suíço, muito bom! Segue abaixo algumas fotos da feira.

Feira em frente à Catedral de Strasbourg.
Barraquinha de miniaturas para presépio de natal, Estrasburgo.
Barraquinha de cacarecos de natal.
Barraquinha de bebidas quentes. Feira de natal Estrasburgo.
Barraquinha de comida.

Nessas feirinhas e quando forem visitar a cidade, tem algumas coisas que não podem deixar de provar. Um deles são os biscoitos amanteigados, que são super tradicionais. Nós compramos na 'Maison Alsacienne de Biscuiterie'. Deliciosos! Mas bem carinhos... Não deixe de provar a 'étoile de cannelle' e os 'pain d'epice', os dois biscoitos com imagens abaixo para não se enganarem!

Étoile de canelle. Divino!
Pain d'épice. Tradicionalmente natalino.

Outra coisa bem tradicional no Natal (e acho que fora da época de Natal também) é um bolo chamado Kouglof, que parece um panetone... Nós compramos um e ele fez parte da nossa ceia de Natal, junto com a torta de morango e as rabanadas. Bem gostosinho... e ainda melhor com sorvete!

O Kouglof é o bolo mais acima da foto. Com biscoitinhos d'épice decorando.
Falar desse bolo me lembra outra coisa bem tradicional da Alsácia: as cerâmicas. Tem cerâmica para ser vendida em todos os lugares... e muitas tem uma cegonha desenhada, que é o símbolo de Strasbourg. Eu não consegui resistir e comprei uma forma em cerâmica para fazer Kouglof, mais tradicional impossível! Se eu vou conseguir fazer um bom bolo eu não sei... mas que a minha cozinha vai ficar mais bonita com ela, isso eu tenho certeza!

Minha forma de bolo de cerâmica. Lindinha demais!

Cerâmica Asaceana.

Com relação à arquitetura da cidade o ponto alto é a Catedral. É lindíssima, com estilo gótico. A construção da mesma foi termina em 1439 (Isso mesmo, antes da chegada dos europeus no Brasil), e foi a edificação mais alta do mundo entre 1625 e 1874. É possível subir na torre para olhar a cidade... nós não subimos, mas acho que deve valer à pena.

Catedral de Strasbourg.

Parte de trás da Catedral de Estrasburgo.

Dentro da Catedral tem um relógio enorme que, por volta de 12:30, toca e os bonequinhos se movimentam: os apóstolos passam e cumprimentam Jesus, o galo canta, a representação da morte bate no sino quando um senhor velho passa em sua frente. É bem legal de ver. Mas esteja lá desde 12:00 para pegar um bom lugar.

Relógio Catedral de Strasbourg.
A Catedral possui também um órgão lindíssimo.

Órgão Catedral de Estrasburgo.

As construções características da região é essa nas fotos abaixo, com a madeira ainda aparecendo, bem no estilo alemão. O bairro 'petit france' é onde você pode encontrar a maior parte dessas construções. São bem diferentes do que estamos acostumados no Brasil.


Casas típicas da região da Alsacea.

Casa estilo Alemã. Região da Alsacea, França.

Casinhas à beira do Rio Reno, Estrasburgo.

Um museu bem legal para conhecer um pouco mais da cultura e história alsaciana é o 'Musée Alsacien'. Eu adoro saber a história do lugar, a cultura, os antigos costumes... e se isso te interessa, esse é um bom lugar para visitar.

Antiga cozinha Alsaceana.

As mulheres davam a luz em cadeiras como essa, com a ajuda de uma parteira, é claro!

Antigo aquecedor de açõ tralhado. Servia também para secar as roupas.

E uma boa surpresa que encontramos na cidade foi, sem dúvida, uma loja que vendia várias cervejas diferentes. Sabe aquelas cervejas que são super caras no Brasil? Aqui, elas vem, em sua maioria, de um país que fica bem aqui pertinho, a Bélgica. E por isso, as cervejas custam em torno de 2 euros... enquanto no Brasil custam 15 reais a garrafinha. O mais surpreendente disso tudo é, que nessa loja, conseguimos encontrar uma cerveja que estávamos querendo beber à anos, mas que custava 160 reais no Brasil, nessa loja compramos ela por 18 euros. Ela é belga, mas tem o nome em português: Deus. É para beber igual à champanhe, bem gelada! Nós abrimos no Natal, bem gostosa. Vale os 18 euros pagos... mas 160 reais já seriam demais. Vale à pena dar uma olhada nessa loja... quem gosta de cerveja vai se divertir.

Le Village de la Bière. 22, Rue des Frères. Strasbourg.

Vitrine da loja de cervejas em Strasbourg. Cerveja 'L'Alsacienne', bem safadinha, né?

No dia do nascimento de Jesus, passamos a noite com Deus.

terça-feira, 3 de janeiro de 2012

Família

Eu já tinha esquecido como era fazer parte de uma família grande. Eu e João quase passamos despercebidos aqui em Lyon, a não ser pelo nosso sotaque e pela altura do meu marido (eu já falei que ele tem 2 metros?). Mas a chegada da minha família aqui na cidade me fez relembrar. Não teve um lugar que tivéssemos passado que não tivéssemos sido notados... ainda mais uma família de 5 pessoas (6 com o João), super barulhenta até mesmo para os padrões brasileiros. Imagina o que os franceses não devem ter pensado de nós... todos falando alto e ao mesmo tempo na mesa dos restaurantes, e ainda assim se entendendo... ou achando que estávamos nos entendendo.
O fato é que a vinda dos meus pais e irmãos para cá foi uma avalanche de emoções. Primeiro fiquei muito feliz de terem chegado... nem achei que estava tão ansiosa, mas mal consegui conter as lágrimas quando os abracei no aeroporto. Acho que só uma pessoa que já ficou longe da família pode entender. Depois queria que eles fossem embora... aquela confusão toda... a minha mãe me perguntando pela décima vez o que era Fourvière, o gerenciamento de todas as vontades das 6 pessoas que estavam juntas... isso tudo já estava me deixando um pouco perturbada... mas essa parte durou pouco...
Quando o réveillon passou e foi hora deles partirem... uma imensa tristeza tomou conta de mim... Eu senti um vazio enorme... me senti desamparada... abandonada... Eu e João teríamos que tomar conta um do outro sozinhos novamente... Depois que eles partiram, fui chorando os 20 minutos que levaram para chegar na minha casa... Nessas horas eu penso o quanto é bom ter na língua portuguesa uma palavra que transmita exatamente o que eu estou sentindo... com toda a intensidade: Saudade.


segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

Bonne Année 2012!

 
O ano de 2012 chegou... e a sensação não é de um ano novo, mas sim, de uma continuação do ano passado... o ano que me trouxe até aqui: Lyon. Esse foi um dos poucos réveillons que eu não senti uma sensação de mudança... de renovação... Esse réveillon foi mais uma sensação de concretização e continuação. Estou aqui faz 4 meses... e amanhã vou pegar meu visto definitivo de estadia na França. O meu período de adaptação já passou... conheço um pouco mais da língua francesa, já tenho alguns restaurantes preferidos, já tenho a minha padaria preferida... a minha doceria... já dei uma engordada (sim, mãe, eu engordei... nem adianta falar que não). Enfim... já me sinto completamente aqui (se é que isso é possível para uma pessoa que tem família em outro país). Eu pertenço novamente à algum lugar. E esse é um sentimento tão bom quanto o de renovação.