sábado, 30 de maio de 2015

2 anos depois

Esse ano eu e meu marido fazemos 10 anos juntos. Decidimos que deveríamos viajar e fazer algo especial para comemorar a data. Escolhemos ir à Grécia, um lugar que estávamos querendo visitar desde que nos casamos. 

Como na época nos mudamos para Lyon, acabou ficando difícil conciliar nossa lua-de-mel e a mudança de país. Passar nossa lua-de-mel em Lyon foi mais do que natural por todas as circunstancias do momento e agora, 2 anos depois, fizemos a mesma coisa. Não resistimos e compramos um pé de avião Atenas / Lyon. 

Não preciso nem dizer a emoção que sentimos quando chegamos. Quando o avião pousou no aeroporto de Saint-Exupery as lágrimas correram dos meus olhos. Um misto de alegria e saudade me invadiu. Saudade não só da cidade, mas do tempo que passamos lá, das coisas que vivemos, do estilo de vida... saudades de tudo. 

Morar fora foi para mim como morar em outra dimensão. Os problemas reais estavam longe... a um oceano de distância. Como se eu estivesse me preparando para a vida 'real', para quando eu voltasse para o Rio. Foram 1 ano e meio de planejamento e de sonhos para serem colocados em prática quando voltássemos. 

Acontece que o sonho é tão mais gostoso... no sonho temos aquela expectativa boa, temos o positivismo, ainda temos tudo pela frente, e o mais importante, acreditamos, acreditamos que vai ficar tudo bem...

Estar de novo em Lyon foi resgatar essa sensação de sonho. Foi como se nada tivesse mudado, como se esses 2 anos não tivessem passado, como se o dia 31 de março de 2013 (dia em que partimos) fosse o dia anterior ao dia 14 de maio de 2015 (o dia que voltamos à Lyon)... 

Estávamos de volta à cidade silenciosa, ao francês, aos macarrons, à cafeteria do lado de casa. Estávamos de volta a nossa casa!   

quarta-feira, 29 de maio de 2013

Feminismo? Ou uma questão de respeito mútuo?

Pensando em minha qualidade de vida, voltei a caminhar e correr há umas 2 semanas aqui na orla do Flamengo no Rio de Janeiro. E foi nessas incursões que me dei conta de nossa sociedade extremamente machista quando levei uma cantada grosseira no meio da rua de um motorista de caminhão.
Eu nunca me senti muito à vontade com esses tipos de cantadas, mas desde que voltei estou encarando isso como uma violência vivida dia-a-dia. Como se eu não tivesse mais o direito de sair de casa sem escutar o que eu não quero. Estou vivendo isso quase como uma violação do meu direito de ir e vir.
Antes que pensem qualquer coisa, as pessoas que me conhecem sabe: não tenho bunda nem peitos grandes, não sou gostosa, e não uso roupas muito provocantes (não é o meu estilo, mas teria direito de usar se quisesse!), ou seja, sou uma mulher bem normal... quase comum. E mesmo assim ando incomodada com essas investidas na rua.
Deve ser porque conheci durante um ano e meio a quase inexistência desse tipo de violência (sim, violência). Acreditem mulheres! É possível sair na rua com roupa de ginastica sem se sentir coagida!
Mas nós, estamos tão acostumadas com esse tipo de abordagem aqui no Brasil que nem nos damos conta da tamanha violência que vivemos dia após dia. De como isso é degradante para a classe feminina e como com esse ato os homens nos colocam como uma classe inferior, que deve ser dominada.
E não pensem que nós brasileiras não temos culpa nisso também. É impressionante como a nossa autoestima é baixa... Precisamos passar em frente à uma obra e sermos cantadas por um peão sem dentes para nos sentirmos bonitas... Isso está muito errado!
E isso fica ainda mais preocupante nas classes mais baixas. Onde as mulheres não passam de objetos e são muitas vezes coagidas à namorar com traficantes. Ou pior, elas querem namorar com traficantes pelo status, como se sem eles elas não fossem ninguém.
Também não quero ser hipócrita. É claro que queremos ter nossos egos massageados, mas o que questiono aqui é como isso é feito. Com pouquíssimo respeito, como se não fossemos algo à ser respeitado. Desculpe, mas uma cantada grosseira não deveria deixar ninguém lisonjeado. Ainda mais quando é praticada por alguém que poderia ser meu irmão, meu tio ou até mesmo meu pai.

quarta-feira, 17 de abril de 2013

E foi assim que percebi


E foi assim... em um piscar de olhos o avião estava pousando novamente no Rio de Janeiro. Durante todo o voo tive uma estranha sensação que esse 1 ano e meio de vida em Lyon não tinha existido... que foi tudo um sonho. Fiquei triste, porque não queria que esse tempo se apagasse, saudades sim, mas esquecer eu não poderia permitir. Era uma sensação como se todas as lembranças do que vivi estivesse ficando mais turva, mais distante, que elas estivessem escapando dos meus dedos. Comecei a fazer força para lembrar de detalhes, das viagens, das pessoas, dos cheiros e de como era estar lá. Mas o fato é que eu não estava mais em Lyon... era a realidade se tornando lembrança ali na minha frente...

Você pode pensar que se eu tive essa sensação é porque eu não aproveitei o bastante, mas está enganado. Comi todos os macarrons que queria comer (ou quase, porque todos seria humanamente impossível), falei francês sem medo de errar, gastamos todo o nosso dinheiro em viagens (todo!), fiz mais amigos do que poderia imaginar, sonhei todos os dias com as realizações futuras, revi minha vida por completo, comecei minha vida à dois sem a influência da família (esse tema merece um post só para ele), curti o frio e o calor, usei a bicicleta como meio de transporte, fiz um mestrado e até um mini estágio consegui. E o mais importante: fui muito feliz nessa grande pequena cidade que se chama Lyon.

Já aqui no Rio, depois de 2 semanas percebi que nada do que vivi se apagou, nada. É que tudo foi tão intenso, foi tão vivido, foi tão sofrido também que as lembranças estão entranhadas em mim. Na forma como vejo minha vida a dois, no machismo que percebo enraizado na sociedade brasileira, na tristeza que fico quando percebo que o mais importante na nossa sociedade emergente é de ter e não de ser! Sim, a fase de readaptação existe, mas por mais que tente voltar a vida que tinha antes de viajar isso não seria possível, porque percebi que o doce não precisa ser tão doce para ser bom, que podemos andar mais à pé do que de carro, que não precisamos chamar pessoas que não conhecemos de ‘querida’, que podemos escolher a banana em vez do bolo industrializado não porque ela é mais barata, mas porque ela é mais saudável...

domingo, 10 de fevereiro de 2013

Amsterdam - Amsterdã - Amsterdão

 

Está aí a minha cidade favorita da última semana: Amsterdam! Nem preciso dizer que estou completamente apaixonada por esse lugar... e não, não é por causa dos Coffee Shops onde a maconha é liberada. A cidade com os seus canais e suas casinhas que mais parecem de boneca tem um charme todo especial. Andar pelas ruas pequenas e se perder nos canais é uma delícia.
A minha primeira dica com relação à cidade é o FreeTour, esse tour nos permite saber curiosidades sobre Amsterdam e a cultura local que nós não saberíamos se simplesmente andássemos por ela. Como por exemplo: porque as casas de Amsterdam são um pouco tombadas para frente, ou porque o Red Light District (onde as meninas vendem o que elas tem de melhor) fica perto de uma das igrejas mais importantes da cidade. Enfim, não espere do tour uma explicação sobre as igrejas e prédios, ele é mais uma explicação da história de Amsterdam e da cultura local.
A minha segunda dica da cidade é o blog Ducs Amsterdam que é de um brasileiro que mora lá. Foi através do blog que descobrimos o Stroopwafel, um biscoito wafel recheado com caramelo que deve ser colocado em cima do café para ficar mais mole... hum... delícia! Compramos vários no supermercado mais famoso de Amsterdam (Albert Heijn) e trouxemos aqui para Lyon.

Doce típico holandês: stroopwafel
Foto do Blog Ducs Amsterdam.

Biscoito da marca do supermercado: Abert Heijn.

Com relação aos museus o Van Gogh é imperdível. Ele está fechado até abril de 2013, mas tem parte do seu acervo no Museu Hermitage. Eu amo Van Gogh, então sempre vou dizer que vale a pena! O maior museu da cidade, Rijksmuseum, também está em obras. Eu achei caro (14 euros) pelo que está exposto lá... só alguns quadros interessantes de Rembrandt. Com relação ao museu Anne Franck, da casa mesmo sobrou pouca coisa, mas os vídeos e a parte escrita do museu são bem interessantes, de qualquer forma vale a pena ir, pois é um clássico da cidade. E finalmente o museu que mais me surpreendeu foi o Museu Casa de Rembrandt. É a casa dele mesmo ainda com objetos dá época em que estava vivo, mas o mais legal foi assistir algumas mini palestras que aconteciam na casa, como por exemplo, como Rembrandt fazia suas tintas e como ele fazia a impressões em metal de algumas de suas gravuras. Bem legal!

Museu Rembrandt

Museu Rembrandt

Museu Rembrandt - como fazer tintas.

Museu Rembrandt
 
O charme de Amsterdam também está na sua natureza mais liberal, por isso não deixe de visitar a Red Light District, que é uma região que fica em torno da Oude Kerk (Igreja velha). Não deixe de se embrenhar pelas ruelas estreitas para ver o mercado mais famoso da cidade. Evite tirar fotos, você pode realmente se meter em encrenca, mas como há maluco para tudo, vai aí uma foto que achei na internet para que entendam porque a região se chama Região da Luz vermelha.

Foto pega da internet. Red Light District.

Outra coisa que não pode perder são os Coffee Shops. A venda de pequenas quantidades de maconha é liberado em Amsterdam apenas nos Coffee Shops. Mas o mais curioso disso tudo é que a plantação e a venda de grandes quantidades não.... então, como é que os Coffee Shops podem comprar grandes quantidades para poder venderem? Paradoxal, não? Enfim... o importante é saber que nesses Coffee Shops tem vários tipos diferentes da planta, além de bolos (space cake), chás e cafés (esses últimos sem maconha... rsrsr). Vai aí duas dicas de lugar: 
- Paradox, indicação da Guia do FreeTour para comer o Space Cake. Um lugarzinho bem pequeno perto da Casa da Anne Frank que eu acabei não indo porque estava fechado no dia.
- Amnesi, um coffee shop que mais parece um bar. Costuma estar vazio e é bem discreto.

Tenho também boas dicas de restaurantes na cidade dos canais. A primeira e a melhor de todas é o restaurante Moeders. Um restaurante onde tem várias fotos de mães dos clientes pelas paredes... e eles ainda estão aceitando novas fotos! Um lugar com comida típica, super gostoso e com um preço bem razoável para Amsterdam (prato em trono de 15 euros). 

A faxada.

O interior.

Prato típico... hummmm!

O outro restaurante é o Pancake Bakery que vende panquecas por 12 euros. Uma opção de almoço por um preço bom também.

The Pancake Bakery.

A panqueca!

Os holandeses tb são famosos pelos queijos e iogurtes. No supermercado Albert Heijin vc encontra yogurtes bem gostozinhos para experimentar... e sai mais barato que comer o café-da-manhã na rua.

Como adoro mercados / brechós / feiras gostei de ir do mercado de flores (Bloemenmarkt), que fica ao longo da rua Singel, perto da Koningsplein. Comprei lá semente de arvore bonsai, que vou plantar quando voltar p o Brasil. Tem também o mercado que fica na Praça Waterloo. Quando fui estava fechado, mas a guia do FreeTour falou que tem bugigangas de turistas mais baratas nesse mercado do que em lojas de souvenir... Pode ser uma boa dica, mas não consegui verificar.

E estão aí as dicas da cidade que me deixou apaixonada nesse inicio de ano, talvez porque a vi com sol e com neve... 









sábado, 5 de janeiro de 2013

Feliz ano de 2013!



 
Diferente do começo do ano de 2012, este réveillon foi regado de sentimento de mudança e renovação. Com uma boa pitada de frio na barriga como a chegada de um ano cheio de planos deve ser. Mesmo não sabendo exatamente o mês que vou voltar para o Brasil esse é o ano em que volto para a minha terra, para minha família e para meus amigos. Se estou feliz? Claro que estou feliz, mas também estou triste pois vou deixar muitas coisas que conquistei para trás: uma casa, amigos, o meu açougue, a minha padaria com a minha baguete da tarde, a minha doceria com o melhor macarrons da cidade e a vista da Fourvière...Ah... a Fourvière! O fato é que não me vejo na França para sempre... para sempre é muito tempo. Tempo demais! Mas ao mesmo tempo ainda não me vejo fora dela... Para esse ano um único pedido: que a volta seja menos dolorosa que a vinda!

sábado, 24 de novembro de 2012

Clichê: ninguém escapa dele

Se o mundo fosse assim tão simples quanto os clichês a vida seria muito menos complicada... É claro que eu não gosto que a cultura brasileira seja resumida somente à samba, caipirinha e futebol, mas será que alguns clichês não são mesmo verdade? Eu, por exemplo, adoro carnaval e samba, caipirinha é um dos meus drinks favoritos, e sim, eu gosto de futebol e tenho blusas do meu time. Mas, e quando os clichês são pejorativos, o quê fazer com eles? 

Uma coisa que me alivia é que todas as culturas tem os seus clichês, sendo eles verdade ou não, bons ou ruins, e a cultura francesa também não está fora dessa. Os franceses não tomam banho, os franceses não trabalham (menos do que o resto do mundo, isso é verdade!), os vinhos franceses são os melhores do mundo (alguém já parou para contestar isso? E os vinhos italianos, chilenos, argentinos?). Enfim... aí vai uma música e um filmezinho bem divertido sobre os clichês franceses... alguns são verdade outros nem tanto...

Em inglês:

Em Francês:


A música de Pink Martini: Je ne veux pas travailler. E para quem quer conhecer a letra: http://www.lyricstime.com/pink-martini-je-ne-veux-pas-travailler-lyrics.html



Mas se quer conhecer um pouco da origem dos nossos clichês não deixe de assistir esse documentário, simplesmente fantástico! Olhar Estrangeiro, dirigido por Lucia Murat.



quarta-feira, 14 de novembro de 2012

A força de um abraço


Acreditem ou não, mas depois que comecei as aulas na faculdade aqui em Lyon as pessoas que eu tenho sentido mais falta são os meus amigos brasileiros. Sinto falta, principalmente, da liberdade que temos para nos tocarmos, abraçarmos, beijarmos, sem precisarmos de desculpa para isso. Agora que estou tendo contato com vários franceses pude verificar que os brasileiros são mesmo um povo tátil como eu sempre ouvi falar que nós éramos. O fato é que algumas coisas simplesmente precisam ser vividas para serem entendidas em vez de repetidas. Se eu não tivesse conhecido uma galera brasileira por aqui nem me lembraria mais quando foi a última vez que abracei um amigo. Aquele abraço intenso, sem duplas intenções, que só a boa amizade pode nos proporcionar. Aquela troca de energia sem cunho sexual que eu só me lembro vivenciar em duas situações: em um abraço apertado e em um mergulho no mar (talvez seja por isso que eu goste tanto do mar).

Isso me fez lembrar uma reportagem que vi uma vez na televisão sobre americanos que faziam aulas de abraços. Sim, eles pagavam uma aula para abraçar as outras pessoas, pessoas que eles nem conheciam. Vocês acharam isso tão triste quanto eu achei? Eles pagavam por uma coisa que nós, brasileiros, trocamos todos os dias, com prazer e de graça. Nós podemos falar várias coisas do Brasil, mas não podemos negar que a cultura brasileira é calorosa, é carinhosa, e isso faz com que todos nós sejamos um pouco mais felizes.

Quanto mais tempo aqui percebo que as diferenças de culturas podem ser sutis a olhos nus, mas imensas quando são vivenciadas. Pequenos detalhes que nem eram notados antes podem transformar da água para o vinho uma relação, uma experiência, uma emoção. Pequenos detalhes como um simples abraço.