domingo, 23 de setembro de 2012

Côte d'Azur, entre Cannes e Mônaco.

A Côte d'Azur é a região mais turística da França (sem falar em Paris, claro!). E esse foi o meu destino de setembro. Esse mês é perfeito para passeios nessa região, pois ainda está quente o suficiente para se banhar no lindo e calmo Mar Mediterrâneo, mas ao mesmo tempo não está mais tão apinhado de turistas. Ir para a côte d'azur nas férias de verão (julho, agosto), na minha opinião, é furada: muita gente, engarrafamento, tudo caríssimo. Não é uma região barata de se viajar e o ideal é pegar um carro para passar nas cidades pequenas, que são, a meu ver, toda a graça e beleza da região.
Passei 3 dias viajando pela costa mais famosa do hexágono (como a França é chamada pelos franceses), mas confesso que essa visita só me deu mais vontade de voltar, pois em 3 dias não deu para aproveitar o mar e visitar alguns museus que queria ter visto, sem falar nas cidades que não deu para visitar. Sei que alguns vão discordar, mas o ponto baixo da viajem foi Cannes e Mônaco. Para mim toda a beleza da região mora nas cidades pequenas, que ficam perto do mar, com suas lojinhas, comércio e seu povo relaxado como toda cidade costeira deve ser... Aí vai um apanhado das cidades por onde passei.

Cannes 
A cidade antiga é uma graça, dois pontos que não pode perder é o mercado (eu amo mercados) e a Notre-Dame d'Esperance que fica bem no alto do morro e tem uma vista linda da cidade banhada pelo mar. Mas decepção maior do que a praia de Cannes eu não tive nessa viagem. A praia é quase toda privatizada por restaurantes e são poucos os espaços onde conseguimos ver um pedaço de areia. O mais interessante da praia de Cannes é, na verdade, as pessoas que ficam na calçada olhando para o mar... Velhinhos dormindo, turistas, músicos... tudo muito mais divertido do que olhar as telhas dos restaurantes na praia.

Cannes.

Artista na feira.

Mercado e o velhinho fofo vendedor.

Notre-Dame d'esperance.

Em cima da colina de Notre-Dame d'Esperance.

Glamour em Cannes! Não pude resistir, bati a foto dessa desconhecida.

Eu também quis ser 'glamour' na praia de Cannes!

Carlton, quem sabe um dia.

A praia de Cannes....

As pessoas de Cannes.

Reparem no chinelo e no sapato colocado de lado.

Viva o cinema!

La Palme D'or.

Vallauris
Eu fiquei simplesmente apaixonada por essa pequena cidade que se encontrava no meu caminho para chegar até Grasse. Mas se você me perguntar o porquê eu provavelmente não saberei te responder com exatidão. Talvez seja pelas lojinhas de cerâmica pela qual a cidade é conhecida, ou pelo dia bonito que estava fazendo, pode ser também pelo seu lado 'cidade do interior'... Ou até mesmo pela estátua de bronze de Pablo Picasso que fica bem no centro da cidade velha... Não sei. Só sei que queria ter ido ao Museu Nacional Picasso da cidade e não deu tempo... uma desculpa mais do que válida para voltar. Se passarem por lá não deixem de visitar uma fábrica de cerâmica. Eu fui na 'Céramiques Dominique', fica na Avenue Pablo Picasso.

A padaria que fica bem na entrada da cidade.

Vallauris.

A janelinha com varal.

Vallauris.

A estátua feita por Pablo Picasso na praça da cidade.

Vallauris.

A senhora vendo a vida passar.

Vallauris.

As senhoras fofocando.

Fábrica de cerâmica Dominique.

Fábrica de cerâmica Dominique.

Cerâmicas.

Fábrica de cerâmicas Dominique.

Loja de cerâmica onde vi as coisas mais bonitinhas e baratas (logo no início da cidade).

Grasse
Essa cidade é conhecida por ser o centro da indústria de perfumes desde o século 16, por isso tem vários museus sobre o assunto e é o que a torna tão interessante. Para conhecer melhor a história do perfume recomendo o 'Musée Internationale de la Parfumerie', nesse museu é possível cheirar várias fragrâncias, ver vários vidrinhos de perfume e conhecer a sua história até os tempos modernos. As casas de perfumes Fragonard e Molinar também possuem os seus próprios museus. 

Musée Internationale de la Parfumerie e a estátua de um antigo vendedor de perfumes.

Musée Internationale de la Parfumerie.

Experimentando os cheiros.

Musée Internationale de la Parfumerie.

Vidrinhos lindos de perfume!

Desenhos para concepção do vidro de perfume.

Musée Internationale de la Parfumerie.

Boutique Fragonard, uma das mais importantes marcas da região.

Lavanda.

Grasse.

Grasse.

Grasse.

Antibes
Quando cheguei à Antibes esperava encontrar uma cidade menor, mas ela é uma cidade de porte médio. É uma cidade interessante, com suas prainhas cercadas pelo forte, mas acho que o que a torna ainda mais interessante é o Museu Picasso que não conseguimos ir, pois ele fecha às segundas-feiras. O museu fica no Château Grimalde, antiga residência da família reinante de Mônaco e foi usado por Picasso como atelier. Esse museu possui por volta de 150 peças do artista, inclusive 'A Cabra', uma das obras mais famosas dele. Voltaria na cidade só para ver esse museu. E se você gosta de sardinha, atum, peixes enlatados em geral ou simplesmente é uma amante de latinhas bonitinhas (como eu) não deixe de passar na 'Conserverie la belle-iloise', fiquei louca lá dentro com tantas latinhas bonitas. www.labelleiloise.fr

Praia quase particular.

Praia.

Os barcos que eu queria que um amigo próximo tivesse.

Museu Picasso.

Conserverie la belle-iloise.

Muitas latinhas...

E mais latinhas.

Cap d'Antibes
Essa região é um cabo que se prolonga a partir de Antibes. Foi interessante visitar, mas acho que seria ainda mais interessante se tivéssemos aproveitado o que essa cidade tem de melhor: o mar.

Se essa grade fosse minha...

Cap d'Antibes.

Solzinho bom.

Mergulho e descanço.

Cap d'Antibes.

St-Paul-de-Vence
Que cidade mais bonitinha! Toda cercada por um muro de pedra da época medieval. Se não fosse pelas lojas de artes com obras custando 30 mil euros eu poderia dizer que voltei no tempo. Me lembrou muito Pérouges, uma cidade aqui perto que ainda vou escrever no blog. Ela é toda feita de pedras, com caminhos bem estreitos, parece um cenário de cinema. Recomendo muito uma visita! Se gosta de azeites você vai gostar da loja 'Première Provence Pression', lá tem vários tipos de azeites diferentes, assim como flor de sal, mel e mostarda. www.ppp-olive.com

St Paul-de-Vence de longe.

St-Paul-de-Vence.

As ruas estreitas de St-Paul-de-Vence.

A praça principal.

Adoro grades trabalhadas.

Azeites..

Première Provence Pression, loja de azeite.

Première Provence Pression, loja de azeite.

St-Paul-de-Vence.

Água potável.

A vista da cidade.

Casa fofa.

St-Paul-de-Vence.

Toda a calma de uma cidade pequena.

Pausa para o sorvete.

São Jorge está em todos os lugares.

Nice
Foi nessa linda cidade que depois de 1 ano eu matei as saudades do mar (mas não completamente). Nice me encantou e eu já estou fazendo planos para voltar, pois o dia que passei na cidade não foi nem de longe o suficiente para aproveitar tudo o que ela tem para oferecer. O Museu Matisse ficou de fora e eu fiquei bem chateada de não ter chegado a tempo na cidade para pegar o museu aberto. É maravilhoso andar pela 'promenade des anglais', a rua que beira o mar. Não pude deixar de lembrar um pouco da minha cidade, o Rio de Janeiro. A cidade velha também é encantadora, em cada rua que vira encontra uma boa surpresa, e o mercado das flores que fica na 'cours Saleya' é imperdível. Não deixe de subir na colina do Chateau, explore bem a colina, pois de lá de cima você tem a vista de praticamente toda a cidade. Andar pela 'quai Rauba Capeu' até o porto também é imperativo... tanto de dia quanto à noite.

A vida que eu quero para mim. Velhinhas olhando o mar na 'Promenade des anglais'.

Bay Watch francês.

Cada coisa que se vê...

Nice!

Elevador da colina do Chateau.

A vista da colina do chateau.

Sol!

Quai Rauba Capeu.

Quai Rauba Capeu.

A vista da 'quai Rauba Capeu'.


O amanhecer em Nice.

Cidade velha de Nice.

Cidade velha de Nice, primeira reza do dia.

Cidade velha de Nice.


Nice.

Prédio fino.

Nice.

O encontro com o mar, depois de 1 ano sem...

Mônaco 
Apesar de estar na costa a cidade de Mônaco é uma selva de pedras. Tirando a emoção de se perder pelas dezenas de túneis espalhadas pela cidade, não vi muito atrativo nela (talvez porque tenha ficado pouco tempo na cidade). Para entrar no cassino Monte Carlo precisa estar vestido(a) à caráter e acabamos nem tentando. Uma coisa é certa, foi em frente ao cassino de Mônaco que vi a maior quantidade de Ferrari na vida. Outra atração da cidade é a colina onde fica a morada da família real, com aqueles guardas vestidos impecavelmente e marchando em frente à porta de entrada. Só voltaria à Mônaco para ir no Museu Oceanográfico que foi dirigido por Jacques Cousteau durante muitos anos.

Mônaco.

Guardas de Mônaco.

Pena que a foto nao saiu melhor.

Mônaco visto da colina onde se encontra o palácio real.

Carro lindinho.

Catedral de Saint Nicholas, onde Grace Kelly se casou.

Cassino Monte Carlos.

A côte d'azur é realmente super bonita e eu consigo entender o porquê dela ser tão famosa. Dessa viagem só ficou uma sensação mais forte, a certeza de que eu quero voltar para conhecer melhor Nice, ir nos museus que não pude ir e conhecer Éze e Cap Ferrat, que acabaram ficando de fora dessa primeira viagem ao mar mediterrâneo.

segunda-feira, 17 de setembro de 2012

Final de semana do Patrimônio Europeu

A 'Journées Européennes du Patrimoine' são dois dias onde prédios históricos, que normalmente não estariam aberto, abrem suas portas ao público. Além disso, tem várias atrações pela cidade durante esse período e os museus ficam abertos sem cobrarem entrada dos visitantes. Achei super interessante essa ideia, pois a população pode conhecer mais sobre a história da cidade e criam um laço mais forte com ela. Lugares antes vistos somente como bonito, passam a encaixar na história da cidade, da época e da região. É o governo dando cultura para a população. Achei, simplesmente, genial a ideia. Nesse final de semana aproveitei para entrar em três prédios que só conseguia admirar de fora.
O primeiro foi o 'Hôtel de Ville', a Prefeitura de Lyon. Esse é o prédio de prefeitura considerado o mais bonito de toda a França. O prédio, datado de 1672, foi reconhecido como uma réplica do Louvre. Sofreu algumas transformações com o tempo e hoje é uma das estrelas do centro da cidade de Lyon. Na visita foi possível ver a mesa de trabalho do prefeito, deve ser um sonho trabalhar em um lugar como esse.

Parte da frente da prefeitura.

Parte de trás da prefeitura.

Vista do terraço do prédio.

Sala de deliberação.

Vista do lado de dentro da porta de entrada.

Grande escada central.

Uma das salas do prédio.

Salão Justin Godart.

Salão dos brasões.

A mesa do prefeito (arrumada demais...).

O segundo prédio foi o da 'Chambre du Commerce et d'Industrie', uma câmara que ajuda e aconselha na criação de empresas, comércios e serviços. O prédio também fica no centro da cidade e tem uma estátua que eu sempre admiro quando passo por lá. Uma escultura dos dois rios que cortam a cidade: o Rhône (másculo e viril) e a Saône (feminina, delicada e parece estar sendo levada pelo Rhône). É uma linda escultura representando o feminino e masculino. O prédio não fica atrás em beleza e imponência.

Fachada do prédio da 'Chambre du commerce' (foto tirada da internet).

O rio Rhône e a Saône.

Teto do salão central do prédio.

Salão central da câmara.

Uma das salas.

Uma das salas da câmara.

O terceiro prédio foi o da 'Prefecture de Rhone-Alpes', que é como se fosse uma subprefeitura aqui da região de Rhone-Alpes, onde fica a cidade de Lyon. Esse prédio fica pertinho aqui de casa (3 arrondissement) e há muito tempo que namorava ele do lado de fora. É uma linda construção terminada em 1890, bem no começo da república francesa. Tem lindos afrescos tanto no hall central quanto na sala de deliberação, onde está pintado entre outros André Ampère (físico matemático) e Claude Bernard (fisiologista). Subir as escadas centrais te transporta para outra época... uma época de glamour e requinte.

Fachada da Prefecture do Rhone-Alpes.

Escada principal.

Afresco no hall das escadas.

Sala de deliberação.

Teto da sala de deliberação.

Uma das salas do prédio, com lustres maravilhosos.

Uma das salas.

Escada principal do prédio.

Se tiver na Europa entre setembro e outubro procure saber as datas dessa jornada nas cidades em que irá visitar, entrar em estabelecimentos onde normalmente não é permitido dá um charme a mais à cidade e à viagem. 

Para mais informações:
www.journeesdupatrimoine.culture.fr
www.grandlyon.com/jep/

quinta-feira, 6 de setembro de 2012

As 4 estações do ano

Nós chegamos aqui na França em setembro do ano passado, estamos completando 1 ano de fromage, croissants, bidê e abajur... Ainda lá no Brasil quando eu disse à um francês que estava vindo ele me disse: Agora as coisas só pioram, os dias ficam mais curtos e frios. Achei um pouco exagerado da parte dele, mas apesar do inverno não ter sido de todo mal, é realmente incrível a diferença entre as estações do ano aqui na Europa. Eu sei que parece meio óbvio dizer isso, mas só quem já viveu pelo menos duas dessas estações pode entender do que eu estou falando. A gente sente dia após dia a mudança, dias mais frios e mais curtos, dias mais quentes e mais longos. Não é igual ao Rio de Janeiro que só tem duas estações e de repente você se dá conta que está esfriando...Não... aqui essa mudança é realmente vivida. E a mudança está longe de ser só da temperatura, ela é muito mais que isso. A mudança é sentida no comportamento das pessoas, no visual, no cheiro, no paladar, no som...
Quando chegamos ano passado já era outono, mas ainda se conseguia beber cerveja na calçada dos bares. Me lembro de termos tirado uma foto tomando a minha cerveja favorita (Hoengarden) em um bar perto do Rhône, bem pertinho aqui de casa. O inicio do outono é calor o suficiente para usar shorts e meus óculos escuros estavam sempre comigo. O ventilador dentro de casa era ligado com frequência. Era o clima de começo de ano, as pessoas ainda estavam com o clima feliz de recém-chegados de férias. No outono as feiras ficam bem coloridas com frutas e algumas flores. Durante esse período come-se muita uva (verdes, roxas, com e sem caroço) todas deliciosas. Mas esse tempo bom logo vira dias em que precisa colocar um casaco. Passei a fechar as janelas aqui de casa, não tinha necessidade de abri-las, pois a casa continuava fresca mesmo toda fechada. É nessa estação que o ventilador é guardado. Com as janelas fechadas a vida fica mais silenciosa e fica cada vez mais difícil acordar porque ainda é noite às 7:30 da manhã. O inverno chega.
No inverno, como a luz do sol não é tão brilhante, as cores são menos vivas. As paisagens, tanto da cidade quanto da natureza, ficam em tons claros ou cinzas e quando neva a predominância do branco é inevitável. Tudo fica muito mais silencioso, as pessoas ficam mais caladas e os pássaros não cantam. Como as janelas ficam sempre fechadas não se ouve os vizinhos, é praticamente como se eles não existissem, a não ser pela visão de alguns vultos nas janelas em frente à sua (esse é, sem dúvida, um ponto positivo). O ar gelado faz com que você perca um pouco o sentido do olfato e por isso, é mais difícil sentir o cheiro das frutas quando vai à feira. Por outro lado os cheiros quentes, como o do chocolate ou vinho quente com canela ficam mais apurados e agradáveis de serem sentidos. Parece triste, mas eu até gosto do silêncio do inverno. E quando você está bem protegida do frio chega a ser aconchegante andar pelas ruas.
Depois do inverno chega a primavera e esse ano eu entendi porque ela é uma estação tão querida. Não é só por causa do nascimento das flores, mas também porque ela representa a melhora do tempo e o fim de um ciclo. O final do ano aqui para eles é o meio do ano para nós. Na primavera o ano letivo está acabando para entrar nas férias de verão e depois, em setembro, recomeçar tudo de novo. É na primavera que sentimos os dias ficarem maiores. É quando os cheiros das frutas e das flores começam a aparecer novamente. Na feira as cores ficam mais vivas com a época dos aspargos, morangos, cerejas, ananás... Os queijos fedem mais porque o calor permite que os fungos se ploriferem melhor. A primavera é quando você pode guardar os casacos pesados e tirar dos armários os shorts e bermudas. Uma sensação de fim de ciclo e esperança toma conta de todos. Os vizinhos (que já tínhamos até nos esquecido deles) começam a soar em nossos ouvidos de novo. Consigo ouvir o bebe chorar e os meu visinhos fazerem festa no último andar. As pessoas ficam mais abertas e as cantadas nas ruas mais frequentes. E como cantam os pássaros! Eles anunciam dias maiores e mais quentes.
Depois vem o verão... e por incrível que pareça o verão nas cidades grandes é vazio. Sim, pois aqui na França todos saem de férias, lojas fecham para o mês de julho/agosto e é sensível aos olhos como a cidade fica mais vazia. É tempo de aproveitar tudo que não tem nas outras estações: tomar sol no parque, ir na piscina pública de verão e pegar um bronze digno de Rio de Janeiro. Verão = Férias. Essa é uma matemática que parece cair super bem para a maior parte dos franceses. E por isso, as cidades litorâneas ficam apinhadas de gente. A Côte D'azur vira Búzios, cheia e com engarrafamento... Très Chic! E os vizinhos? Eles falam mais alto do que nunca. Um fuma falando ao telefone na janela, a outra tenta falar com as amigas pelo celular que não pega dentro de casa, a mãe grita com os filhos encapetados no play e o outro assiste TV nas alturas.... Ahhhh...! Isso tudo quase me faz sentir falta do inverno, quando as janelas ficam fechadas... (quase!). O verão também é tempo de 'Canicule'! A tão temida onda de calor que assola os franceses todo o verão, mas não se preocupem, ela dura somente 2 semanas...
E aí o outono chega de novo... e 1 ano se passou... 1 ano de alguns encontros, alguns desencontros, muita, muitas, muitas reflexões e várias descobertas. Descobertas de uma nova cidade, de uma nova cultura, de novos amigos, e de uma vida a dois.

O Outono.

O Inverno.

A Primavera.

O Verão.


segunda-feira, 3 de setembro de 2012

Plano de Saúde na França



Há algum tempo estava querendo fazer esse post e depois de alguns problemas com o seguro que comprei ainda no Brasil pela Coris essa parece a hora perfeita. O sistema de saúde aqui tem suas peculiaridades e é difícil achar documentos que expliquem como funciona o sistema, porque, a priori, todos os franceses já conhecem. Pois aí vai:

O sistema de saúde
O sistema de saúde pública aqui na França é chamado de 'Sécurité Sociale' e é administrado pela 'Caisse d'Assurance Maladie'. Ele funciona da seguinte forma: uma parte paga pelo governo e outra paga pelo usuário do sistema. Por exemplo, se for ao médico o sistema de saúde te reembolsa uma parte (70%) e o mesmo acontece com hospitalizações (80% à 100%), dentistas (70%), exames (60%) e os remédios que compra na farmácia (de 15% à 65% dependendo da cor da tarja do remédio). Mas atenção: para todos esses serviços existe uma tabela de valores e de médicos associados que podem ser reembolsados pela Sécurité Sociale. Por exemplo, o valor base da consulta num médico geral é de 22 euros, portanto o governo reembolsa 70% desse valor menos 1 euro (esse 1 euro é uma taxa de serviço). Lembrando que essa consulta precisa ser feita em um médico associado. Com relação à hospitalização além do percentual que você deverá (ou não) pagar, existe uma taxa por dia de hospitalização (18 euros).

Carte Vitale
A 'carte vitale' é a carteirinha onde tem o seu número da Sécurité Sociale. É ela que deve apresentar quando vai ao médico ou compra algum remédio na farmácia. 

Planos de saúde complementar
Pelo fato do sistema de saúde pagar somente uma parte do tratamento, muitos franceses fazem um plano de saúde complementar, que é chamada de 'Mutuelle'. Esses planos cobrem o pagamento da parte que o sistema de saúde não cobre, livrando assim, a pessoa que o contrata de pagar qualquer quantia em um tratamento, exames ou hospitalização (dependendo do plano). Eu, por exemplo, fiz somente um plano complementar de hospitalização. Se eu for hospitalizada a parte que o governo não paga a Mutuelle que fiz vai pagar, inclusive a taxa de hospitalização diária, mas existem vários tipos de planos e você pode escolher qual que se aplica melhor a você.

Estudantes
O sistema de saúde dos estudantes de menor de 28 anos é gerido por instituições à parte e o estudante pode escolher à qual delas quer se filiar: SMERRA, LMDE, SMEREP. Pelo que eu vi na internet são todas mais ou menos iguais. Essa escolha é feita no momento da inscrição na universidade, o estudante paga a taxa da universidade (por volta de 217 euros) e a taxa da Sécurité Sociale (por volta de 207 euros), se quiser pode adicionar os planos complementares que todas essas instituições vendem.
Importante: Os planos para estudante costuma começar em 1 de outubro e acabar 30 de setembro, fique atenta(o) às datas para contratar planos nos meses que estiver no país e não estiver coberta pela Sécurité Sociale.

Estudantes maiores de 28 anos
Os estudantes maiores de 28 anos não tem direito à Sécurité Sociale Estudante. Por isso, eles precisam fazer uma direto com a Caisse d'Assurance Maladie (vá a um dos centros de atendimento para se informar da burocracia e preço) ou fazer um plano particular, que são vendidas nas instituições para estudante citadas acima e em outros estabelecimentos como na April onde pode contratar o serviço pela internet. Atenção: para você que não faz parte do sistema de saúde francês é necessário contratar um plano que cubra desde o 1 euro, caso contrário terá que pagar uma parte já que não está escrito no sistema de saúde francês.

Antes de chegar à França
Isso vai depender muito do seu caso. Se você já tiver se inscrito na universidade eu compraria um seguro do Brasil somente para cobrir os meses que não estará coberta para a Securité Sociale. Mas se você não vem para estudar, como foi o meu caso, eu compraria do Brasil um seguro para cobrir os 3 primeiros meses (pois é o tempo que leva para se adaptar ao lugar) e depois procuraria informações na Caisse d'Assurance Maladie ou faria um plano privado quando chegasse aqui (pela April, por exemplo).
O que fiz foi comprar um seguro do Brasil por 1 ano e me arrependi muito. Primeiro, porque me venderam um plano errado (na Marsans do Rio Sul), pois o plano só era válido para pessoas que voltavam de 45 em 45 dias para o Brasil, o que não é o meu caso. Segundo, porque pelo que eu pesquisei não tem muitos planos que cobrem realmente o ano todo fora do país de origem, alguns cobrem no máximo até 120 dias fora, depois disso perdem a validade (atenção com isso). 
Uma coisa que aprendi com essa experiência foi SEMPRE, SEMPRE, ler as letras miúdas dos seguros saúdes, mesmo a pessoa que está te vendendo na agência ela não sabe dos pormenores daquele seguro e quando você precisar pode ficar na mão... e com saúde não se brinca.

Curiosidades
Uma coisa que achei bem curiosa aqui é que muitos franceses se tratam com homeopatia, tem vários laboratórios de produtos naturais e farmácias de homeopatia que não são só manipulação não. Vendem produtos naturais em caixas como outro produto qualquer. 
Muitos produtos são vendidos com receita, até pílula! Mas se você tem algo mais banal, como uma irritação na pele ou uma queimadura pequena, pode pedir conselho para o farmacêutico que ele te sugere um remédio.
Outra coisa interessante é que vários franceses tem o seu médico geral. Eles vão ao médico da família para depois irem a outro médico, se for necessário.
Os franceses chamam a 'Sécurité sociale' de 'Sécu'. 

Enfim, conhecer o funcionamento de burocracia alheia nem sempre é evidente... e quando isso se refere à saúde acaba sendo um pouco preocupante. Espero que esse post esclareça algumas dúvidas.

Para mais informaçãos entre nesse site: aqui.

Guia para estudantes estrangeiros (francês): aqui.
Guia para estudantes estrangeiros (ingês): aqui