quarta-feira, 14 de novembro de 2012

A força de um abraço


Acreditem ou não, mas depois que comecei as aulas na faculdade aqui em Lyon as pessoas que eu tenho sentido mais falta são os meus amigos brasileiros. Sinto falta, principalmente, da liberdade que temos para nos tocarmos, abraçarmos, beijarmos, sem precisarmos de desculpa para isso. Agora que estou tendo contato com vários franceses pude verificar que os brasileiros são mesmo um povo tátil como eu sempre ouvi falar que nós éramos. O fato é que algumas coisas simplesmente precisam ser vividas para serem entendidas em vez de repetidas. Se eu não tivesse conhecido uma galera brasileira por aqui nem me lembraria mais quando foi a última vez que abracei um amigo. Aquele abraço intenso, sem duplas intenções, que só a boa amizade pode nos proporcionar. Aquela troca de energia sem cunho sexual que eu só me lembro vivenciar em duas situações: em um abraço apertado e em um mergulho no mar (talvez seja por isso que eu goste tanto do mar).

Isso me fez lembrar uma reportagem que vi uma vez na televisão sobre americanos que faziam aulas de abraços. Sim, eles pagavam uma aula para abraçar as outras pessoas, pessoas que eles nem conheciam. Vocês acharam isso tão triste quanto eu achei? Eles pagavam por uma coisa que nós, brasileiros, trocamos todos os dias, com prazer e de graça. Nós podemos falar várias coisas do Brasil, mas não podemos negar que a cultura brasileira é calorosa, é carinhosa, e isso faz com que todos nós sejamos um pouco mais felizes.

Quanto mais tempo aqui percebo que as diferenças de culturas podem ser sutis a olhos nus, mas imensas quando são vivenciadas. Pequenos detalhes que nem eram notados antes podem transformar da água para o vinho uma relação, uma experiência, uma emoção. Pequenos detalhes como um simples abraço.

4 comentários:

  1. Para algumas pessoas o abraço é muito importante e como você bem citou, vários estudos indicam isso! Mas eu já sempre fui muito diferente e já não saio abraçando por aí e tb nunca gostei que as pessoas fossem me tocando (por exemplo, aquela batidinha nas costas para perguntar "que horas são?"). Abraço fica para as pessoas próximas mesmo, e dessas "batidinhas" quero distância! Mas pelo menos pela minha experiência aqui na França, acho que os franceses "beijam" muito mais!!! Sempre fui criada que para cumprimentar pessoas com beijinhos, só quando já conhecíamos bem e em relações menos formais, fora isso era um aperto de mão e pronto! Ou um "bom dia" geral para a galera chegando no trabalho ou faculdade! Aqui já é necessário "beijar" todo mundo chegando no trabalho, cursos ou em qualquer lugar! Se vou a um casamento com 80 convidados, tem que beijar e cumprimentar todo mundo, e se despedir de todo mundo! 160 passei por mal educada, chegando em uma festa dessas e indo cumprimentar apenas as pessoas que eu conhecia... Sem contar que estendi a mão para cumprimentar o PDG da empresa (e ele veio com 2 beijinhos) e depois ele comentou com a minha chefe que eu tinha maneiras muito estranhas e muito formais!!! kkk

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Oi Milena, o Brasil é muito grande para generalizarmos, você tem razão. Eu, por exemplo, sempre dei 2 beijinhos em todos que conhecia e que não conhecia... rsrsrrsrs. Mas aqui na França existem também ambientes mais formais onde vc não dá 'dois beijinhos' no PDG da empresa... acho que depende muito. Além disso, os 'dois beijinhos' dos franceses eles nem mesmo colocam a mão na pessoa, são só os 'dois beijinhos' e pronto! E isso eu acho muito estranho também... Enfim, são diferenças de cultura e de habitos que nós temos que nos acostumar...

      Excluir
  2. Anna, concordo totalmente.
    Estou aqui no Canada, ha um mes, e se nao fosse os amigos brasileiros o abraco seria uma lembranca.
    Essa questao dos dois beijinhos eh muito peculiar rs

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Pois é, Francisco... o bom é que os brasileiros estão em todos os lugares! rsrsrsrs. Boa sorte (ou boa coragem, como os franceses falam) para enfrentar sua vida no Canada! ;)

      Excluir